domingo, 13 de julho de 2025

Paradise Clix Entrevista: Isabelle e Thamara

 

 Entrevista com Isabelle e Thamara destaques do último evento da FloripaClix (Pulp temático) vencido pelo Thiago Bellani.

Isabelle

1. Comente sobre o time que levou para o torneio 300 PULP | Temático. O que motivou essa escolha?

Levei um time temático de Wakanda, uma escolha que foi muito natural para mim, pois foi um dos primeiros times que joguei no Heroclix. Shuri e Akili são peças que costumo usar com frequência por serem com um custo baixo e extremamente versáteis, então já eram uma base para o time.
Outro ponto decisivo foi a presença do “casal”, como costumo chamar carinhosamente o Black Panther e a Queen Storm. Quando estão juntos em campo, consigo utilizar enhancement e empower mesmo sem adjacência, o que cria uma sinergia muito eficiente com as outras peças.
Somando isso à armadura fornecida pela Shuri, à possibilidade de gerar um Hatut com o Akili, e ao possível perplex no dano com o Everett K. Ross,consigo alcançar jogadas com até 7 de dano — ou 6 de dano penetrante com a Ironheart.
Costumo escolher o mapa sempre que possível, e os que melhor funcionam com esse time são Wakandan Battlefield e Blitzkrieg Manhattan. Quando isso não é possível, a maior dificuldade está em mapas indoor com muitas barreiras, onde o jogo tende a ficar mais travado. Nesse caso, a Ayo se torna essencial, já que consegue quebrar barreiras com eficiência. 
Em mapas com diferentes elevações, o time também lida bem sem grandes desafios, já que possui várias peças voando ou que ignoram terrenos

2. Isabelle, você ficou em segundo lugar — o que acha que fez a diferença na sua performance? O que você acredita que poderia ter te levado ao primeiro lugar?

Mesmo tendo perdido a segunda partida, considero que foi um jogo muito bom. Acredito que, se tivéssemos mais tempo, talvez eu conseguisse virar e conquistar a vitória. Essa partida foi contra o Thiago Bellani, que jogava com um Thanos de 300 pontos. Além de o Thiago ser sempre um adversário muito desafiador, essa também não é uma match-up que considero fácil.
No início, optei por uma postura mais defensiva. Deixei que ele viesse para frente, porque seria muito arriscado eu fazer a primeira movimentação e acabar expondo alguma peça importante — o que poderia me custar muitos pontos e reduzir meu poder ofensivo.
A partir da movimentação inicial dele, consegui otimizar bem minhas ações em praticamente todos os turnos, causando dano constante no Thanos e deixando ele em cliques mais fracos. No penúltimo turno, consegui posicionar a Ironheart de forma estratégica para que, no turno seguinte, pudesse fazer um ataque free com 6 de dano penetrante. Ela teria 2 Perplex no ataque, além do Probability Control da Queen Storm — a jogada estava bem encaminhada.
Infelizmente, o tempo da partida terminou antes que eu pudesse executar essa ação. Acredito que, se eu tivesse conseguido posicionar a Ironheart um pouco mais cedo, essa jogada poderia ter sido o diferencial para alcançar o primeiro lugar.

3. Comente sobre um momento interessante do torneio para você, alguma jogada ou situação que consegue lembrar? 

Uma das partidas que mais ficou na minha cabeça foi a última, contra o Paulo. Ele estava jogando com um time temático de Spider e, por boa parte do jogo, achei que não conseguiria vencer. A maioria das peças dele tinha Super Senses, e com o team ability Spider-man, ele conseguia ativar esse poder com resultados de 4 a 6 no dado, o que já dificultava bastante.
Além disso, o bom posicionamento dele com o Spider-Man Noir fazia diferença: ele colocava 6 Smoke Clouds, e todos os personagens dentro têm Shape Change. Mesmo eu conseguindo me posicionar bem e usando Outwit para apagar algum desses atributos, o Paulo teve ótimas rolagens e conseguiu evitar vários dos meus ataques.
No entanto, no último turno dele, ele não conseguiu posicionar o Noir a tempo para garantir o Shape Change. Aproveitei essa brecha, usei o Outwit no Spider-Punk e consegui derrotá-lo. Isso me garantiu 85 pontos e me colocou à frente na partida, garantindo a vitória.
Foi um jogo muito tenso e equilibrado, mas esse momento final fez toda a diferença para o meu resultado no torneio.

4. Como é ser mulher num jogo em que praticamente todos os participantes são homens? Você já enfrentou subestimação em torneios?

Por ser engenheira civil e trabalhar em obras, estou acostumada a estar em ambientes predominantemente masculinos. Felizmente, sempre fui respeitada no meu trabalho, e isso também se estendeu para os jogos. Em todos os torneios sempre fui bem tratada e acolhida.
Mas, ainda tenho um certo receio quando vou jogar em lugares novos, onde não conheço ninguém. Existe aquele medo de não ser levada a sério ou de não ser tratada com o mesmo respeito, simplesmente por ser mulher. Acho que é uma sensação que muitas de nós carregamos, mesmo sem termos passado por situações diretamente negativas.
Apesar disso, minha experiência até agora tem sido positiva. E espero que minha presença nos torneios ajude, mesmo que de forma discreta, a abrir espaço para que outras mulheres também se sintam à vontade para participar e se divertir com o jogo.

5. Costuma treinar antes dos torneios? Como é a preparação?

Esse foi apenas meu segundo torneio, já que comecei a jogar Heroclix no início deste ano. Mas sempre que tenho oportunidade, gosto de treinar.
Normalmente treino em casa com meu marido, Yuri, que tem sido meu parceiro desde o começo. Também treino bastante com o Dany e com o Bellani, que além de serem ótimos jogadores, têm estilos bem diferentes de jogo e também de ensinar. Essa troca com cada um deles contribui muito para minha evolução e preparação para os torneios.
Cada partida que jogamos nos treinos ajuda a pensar melhor nas estratégias, entender os pontos fortes e fracos dos times e, principalmente, me sentir mais confiante para competir.

6. O que mais atrai você no Heroclix? É o colecionismo, os torneios a comunidade, ou seriam outros pontos?

O que me atraiu no Heroclix, no início, foram os personagens, principalmente os da DC e da Marvel, que eu já acompanhava nos filmes. Ver esses heróis e vilões em miniaturas, e ainda podendo usá-los em jogo, foi o que despertou minha curiosidade.
Depois que aprendi a jogar, o que realmente me prendeu foi a enorme variedade de possibilidades dentro do jogo. Existem muitas combinações de times, cada uma com estratégias diferentes, e isso faz com que cada partida seja única. Sempre tem algo novo para testar, pensar ou melhorar.
Outro ponto que considero essencial é a comunidade. É um grupo muito acolhedor e engajado, onde os jogadores mais experientes estão sempre dispostos a ajudar quem está começando. A troca de experiências, as amizades e o apoio que encontramos nesse meio tornam tudo ainda mais especial.

7. Fora o Heroclix, tem outro jogo ou hobby geek que você adora e participa?

Em 2013, comecei a jogar Magic The Gathering com alguns amigos, mas hoje é muito raro que eu jogue a não ser os pré-releases, Além disso, gosto muito de jogos de tabuleiro em geral. Também participo semanalmente de campeonatos de One Piece Card Game, que tem sido um dos meus hobbies favoritos ultimamente. Gosto muito do ambiente das lojas e eventos, tanto pelo jogo em si quanto pelas amizades que a gente constrói nesses espaços.

Thamara

1. Comente sobre o time que levou para o torneio 300 PULP | Temático. O que motivou essa escolha?

Meu primeiro pensamento foi montar um time com peças que eu já conhecia bem. Como essa etapa exige um conhecimento mais amplo das figuras disponíveis, optei por seguir por um caminho mais familiar. Já havia jogado com todas as peças da minha equipe antes — algumas apenas uma vez —, mas com um pouco de estudo, consegui me sentir segura e confiante para comandá-las durante o torneio.

2. Você ficou em terceiro lugar — o que acha que fez a diferença na sua performance? O que poderia ter te levado ao primeiro lugar?

O jogo que me tirou a terceira vitória terminou empatado (75 x 75) e foi decidido nos dados. Curiosamente, foi a partida em que mais me surpreendi comigo mesma, então nem fiquei frustrada com a decisão por sorte. Pensando no que poderia ter feito de diferente, acredito que minhas jogadas foram o melhor que eu podia oferecer naquele momento. No entanto, se eu tivesse organizado melhor os turnos e evitado que minhas peças ofensivas ficassem "puxadas", talvez tivesse mais opções no final. No último turno, minha única saída foi carregar o Zarathos com o Fate, pois o Zarathos já estava puxado, e realizar o tiro gratuito em uma única peça adversária. Esse ataque causou apenas 1 de dano, que inicialmente parecia pouco, mas foi determinante: impediu que meu oponente causasse dano suficiente para vencer no turno seguinte, mantendo o empate.

3. Comente sobre um momento interessante do torneio para você, alguma jogada ou situação que consiga lembrar?

Com certeza o jogo com o Roney, que é uma das minhas maiores referências como jogador. Foi com ele que joguei a melhor partida do torneio. Empatamos e perdi no desempate dos dados. Lembro de três jogadas muito boas. A primeira foi encontrar um único quadrado capaz de aplicar um Energy Explosion com o Orb em cinco das peças dele. Aumentei o alcance do Orb em três, conectando uma linha entre dois elevados. Ali, eu buscava um ataque crítico, dobrando as chances com a trait do Orb. Mesmo com os PC's apontados para o batedor, o crítico não veio — se tivesse vindo, grande parte das peças teria caído naquele ataque.
Outra jogada que me orgulho foi andar com o Donny Blaze até o Etrigan do oponente e chutá-lo 4 casas em direção aos meus batedores. Apesar de ter sido em um turno em que minhas peças estavam puxadas, foi um movimento muito interessante, que expandiu minha visão para futuras jogadas.


4. Como é ser mulher num jogo em que praticamente todos os participantes são homens? Já enfrentou subestimação em torneios?

Sim, já sofri subestimação em torneios. Às vezes é sutil, mas perceptível. Alguns jogadores que demonstram incômodo ao perderem para mim, não reagem da mesma forma quando perdem para outros homens — e isso, por si só, já é uma forma de subestimar. Outra situação comum é quando tentam se aproveitar supondo que eu desconheço certas regras. Felizmente, o Thiago Bellani, também meu treinador, sempre foi muito rigoroso em me ensinar as regras, o que me deixa preparada para lidar com quem está longe do fair play.

5. Costuma treinar antes dos torneios? Como é a sua preparação?

Treino sempre que posso, mesmo sem torneios à vista. Tenho uma rotina puxada de trabalho, mas reservo ao menos uma hora por dia para o Heroclix. Como comecei do zero e não tenho histórico com os personagens, sinto que preciso estudar ainda mais que outros jogadores que já são íntimos do universo. Quando tenho um torneio pela frente, monto o time e escrevo no meu caderno de estudo o que cada clique faz, as traits e as principais características. Depois, estudo as peças no físico, faço anotações sobre o game setup, beginning of the game, beginning of the turn, during the turn, etc. Com o Bellani, começamos os treinos — nem sempre partidas completas: às vezes treinamos aberturas, jogadas específicas, ordens de saída, mapas diferentes. Só depois disso tudo é que passamos a simular jogos completos com mais frequência.

6. O que mais te atrai no Heroclix? É o colecionismo, os torneios, a comunidade, ou outros pontos?

No geral, eu amo aprender coisas novas. E o Heroclix foi um mergulho em um universo totalmente desconhecido para mim, o que me motivou ainda mais. Meu ponto de partida foi ouvir o Thiago falar com paixão sobre o jogo e seus encontros com os amigos. No começo, eu não entendia uma palavra — mas fui sendo contagiada pela empolgação dele. Hoje, estou completamente envolvida.

7. Fora o Heroclix, tem outro jogo ou hobby geek que você adora e participa?

Sempre admirei a comunidade nerd, mas nunca me imaginei fazendo parte dela. Não achava que fosse "boa o bastante" para jogar qualquer coisa. Então essa é minha primeira experiência nesse universo — e está sendo transformadora

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